Delírios II

Um dia destes serei revolucionária; não permitirei jogos de distracção à minha vontade.

Vou sair de casa e deslocar-me ao café mais próximo onde me sentarei a beber a bela da cerveja e a comer uns tremocinhos. O jornal do costume estará nas mãos de um senhor que o deixará na minha mesa quando já o tiver lido. O cabeçalho do dia será «A contestação». Absorvida pelas confusas palavras que formam ainda mais confusas frases, chegarei ao fim do artigo de destaque. Sentir-me-ei revoltada com a sociedade actual e quererei de novo a PIDE que não permitirá mais liberdade de expressão. Perceberei que afinal a PIDE não é a melhor solução e, em vez disso, o que precisamos é o controlo dos nossos pensamentos afim de não ofender nenhuma opinião - conseguiremos então a TOLERÂNCIA. Tolerância às ideias alheias. Compreenderei que «O que faz falta é avisar a malta» e «animar a malta» e «empurrar a malta» e «acordar a malta»... O que faz falta é sermos justos e compreensivos. 

À parte disto, levantar-me-ei da minha cadeira, abandonarei aquelas páginas a preto e branco e dirigir-me-ei para casa da Avó onde me sentarei em frente à lareira a ver politiquices de segunda que ainda se dão ao trabalho de passar nas trágicas notícias da tvi. Horas depois irei ter com uma pessoa a quem contarei o meu percurso deste dia e que como sempre simplesmente me responderá: «Enfim, vidas sociais activas!»

Por hoje é tudo, não perca o próximo episódio porque nós... também não (;

Luna