quarta-feira, 2 de março de 2011

Delírios I


Esta noite não quero voltar para casa.
Em vez disso, vou sentar-me cuidadosamente no passeio da rua da minha casa a observar os outros e a criar, na minha cabeça, as suas histórias de vida. Imaginar que esta pessoa tem um doença ou que aquela é formada em letras.
Enquanto espero por algo de emocionante, vou ler o jornal que vai voar até mim - que vai voar contra a minha cara. O jornal que tem como cabeçalho «A solidão». Vou ler esse artigo e acima de tudo vou interpretar a fotografia anexada. Entre mais uma ou duas histórias que criarei na minha mente sobre cada ser que passa, cantarei «Um contra o outro» dos Deolinda. Perceberei, em hora de ponta (que devido à falta de metro se sente muito nos autocarros que passarão à minha frente), que a vida é um trabalho das nove às cinco simplesmente com pausa para o almoço que, como sabemos, por vezes não existe. Pedirei boleia para ir para onde o vento (ou o carro) me levar e ninguém ma dará. Quando me cansar ou quando já tiver uma quantidade aceitável de histórias formuladas e quando já tiver acabado de ler o jornal, sentar-me-ei  no meio da minha rua a jogar ao pião. E quando a noite estiver cerrada e eu já não vir nada à frente, tirarei a minha varinha do bolso e direi «Lumos Maxima» e assim guiar-me-ei até ao banco mais próximo onde acabarei por acordar deste sonho. Sonho este que se tornará num Déjà-vu daqui a uns tempos quando isto me acontecer mesmo.
Por hoje é tudo, não perca o próximo episódio porque nós... também não (;
Luna

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